SINOPSE:
Alice (Mia Wasikowska) é uma jovem de 17 anos que passa a seguir um coelho branco apressado, que sempre olha no relógio. Ela entra em um buraco que a leva ao País das Maravilhas, um local onde esteve há dez anos apesar de nada se lembrar dele. Lá ela é recepcionada pelo Chapeleiro Maluco (Johnny Depp) e passa a lidar com seres fantásticos e mágicos, além da ira da poderosa Rainha de Copas (Helena Bonham Carter).
IMPRESSÕES:
Sempre fui fã do trabalho do diretor Tim Burton (A Fantástica Fábrica de Chocolate). Desde seus dois filmes do Batman, passando por Edward Mãos de Tesoura, A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça, até mesmo seu tão criticado remake de O Planeta dos Macacos e o frio Sweeney Todd, aprecio bastante estes e outros trabalhos do realizador norte-americano, principalmente por sua marca registrada: o jeito peculiar de criar mundos, sua brilhante e criativa direção de arte. Os filmes de Burton são feitos de belíssimas imagens surreais, porém com características palpáveis, que envolvem o espectador. Contudo, eis que Burton decide comandar mais uma adaptação da classíca obra de Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas e, o que tinha tudo para ser um casamento perfeito (loucura literária e apelo visual nas mãos de Burton? Perfeito, não?) na verdade se mostrou com um dos raros (talvez o maior) enganos na carreira desde imagético diretor de cinema.
Quando as primeiras imagens na adaptação de Alice foram disponibilizadas na Internet, confesso que fiquei extremamente empolgado. As figuras surreais presentes na obra de Carroll pareciam ter sido levadas ao extremo da estranheza, e a espera pelo lançamento do filme crescia cada vez mais. Com um elenco repleto de grandes atores e atrizes (Johnny Depp (companheiro habitual de Burton), Helena Bonham-Carter (esposa de Burton), Anne Hathaway, Crispin Glover (o eterno pai de Marty McFly, em De Volta para o Futuro), além das marcantes vozes de Alan Rickman, Christopher Lee, Stephen Fry, dentre outros, e a divulgação de que o filme seria exibido em 3D alimentaram ainda mais a expectativa de uma viagem marcante do espectador por um mundo louco, porém maravilhoso. Até as obras de Carrol (Alice no País das Maravilhas e Alice no Páis do Espelho) eu li, para que a minha imersão nesse mundo mágico fosse a experiência mais completa possível.
Contudo, infelizmente minha expectativa não foi satisfeita. O longa comandado por Burton é pequeno e insignificante comparado a obra original (e até mesmo ao desenho animado produzido pela mesma Disney que bancou esta adaptação, nos distantes anos 1950). Com atuações forçadas e sem apelo nem carisma (Depp e a protagonista, Mia Wasikowska não envolvem o espectador, não parecem viver aquele mundo), Alice no País das Maravilhas não convence ao apresentar esse mundo fantástico, que possui um belo visual e uma direção de arte belíssima (fato recorrente nos trabalhos do diretor) que remete a pinturas a óleo, porém sem mobilidade, já que o espectador fica com uma melhor impressão através das fotos disponibilizadas durante a divulgação do longa, do que com as imagens em movimento presentes no filme em si. Os efeitos visuais também comprometem demais a fixação imagética do filme no espectador, onde apesar de toda a estilização procurada para chocar o espectador, a dinâmica dos efeitos ficam aquém dos recursos tecnológicos disponíveis hoje no que se refere a criação e manipulação de efeitos visuais (não dá nem para comparar ao brilhante Avatar).
E, se no aspecto visual (sempre um grande trunfo de Burton) o filme não convence, o que dizer da total falta de estrutura dramática e de uma narratiza no longa? Ao contrário do clássico de Carroll, esta adaptação de Alice no País das Maravilhas não trabalha de forma eficaz os contrapontos e questionamentos apontados no livro, como as tão presentes charadas e enigmas, além das canções, poemas e demais intervenções inter-textuais presentes na obra literária. O longa roteirizado por Linda Woolverton é raso e causa um ínfimo impcato no expecator. Sendo assim, o que dizer de um filme que depende do visual para levar o espectador a este mundo, mas é infeliz em sua missão. Depende da qualidade narrativa para manter o espectador neste mundo, contudo não consegue cumprir essa missão. Infelizmente, um dos raros momentos de pouca inspiração de Burton e equipe. Talvez seja hora do diretor rever alguns conceitos, tentar uma reciclagem ou até mesmo optar por desenvolver um filme baseado em um argumento próprio, como no caso de Edward Mãos de Tesoura. Há rumores de que um possível novo projeto de Burton seja a adaptação de um curta de sua autoria, Frankweenie, como um longa metrage. Caso esta informação seja verdadeira, pode ser que dê um respiro a carreira do inentivo e autoral diretor. Quanto a Alice, em resumo, uma decepção. Um conselho? Procure ler os livros e viaje na narrativa e nas imagens que serão formadas em sua cabeça. Provavelmente nela as imagens serão mais palpáveis do que as apresentada por Burton.
Obs.: É válido dizer que assisti a uma cópia dublada e em 2D, porém creio que isto não contribui em nada para esta avaliação um tanto quanto negativa do filme.
Elenco: Johnny Depp, Mia Wasikowska, Helena Bonham Carter, Crispin Glover, Anne Hathaway, Michael Sheen, Alan Rickman, Stephen Fry e Christopher Lee.
Ficha Técnica:
Título original:Alice in Wonderland
Gênero:Aventura
Duração:108 min
Ano de lançamento:2010
Site oficial:http://disney.go.com/disneypictures/aliceinwonderland/
Estúdio:Walt Disney Pictures / Tim Burton Productions / Roth Films / Team Todd / The Zanuck Company
Distribuidora:Buena Vista International
Direção: Tim Burton
Roteiro:Linda Woolverton, baseado em romance de Lewis Carroll
Produção:Tim Burton, Joe Roth, Jennifer Todd, Suzanne Todd e Richard D. Zanuck
Música:Danny Elfman
Fotografia:Dariusz Wolski
Direção de arte:Tim Browning, Todd Cherniawsky, Andrew L. Jones, Mike Stassi e Christina Ann Wilson
Figurino:Colleen Atwood
Edição:Chris Lebenzon
Efeitos especiais:Sony Pictures Imageworks / Svengali Visual Effects / Plowman Craven & Associates / CafeFX / Matte World Digital
Trailers:
Legendado
Dublado
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