sexta-feira, 31 de agosto de 2007

O Ultimato Bourne


Entretenimento também pode ser sinônimo de inteligência. Esta é a idéia que sai de minha cabeça ao término da exibição de O Ultimato Bourne, conclusão da trilogia iniciada em "A Identidade Bourne" e seguida de "A Supremacia Bourne". O filme, novamente encabeçado por Matt Damon e conduzido por Paul Greengrass (diretor de A Supremacia e do polêmico Vôo United 93) encerra a trilogia de forma primorosa e frenética.

O agente secreto desmemoriado Jason Bourne (Dammon) parte agora em sua empreitada final. Finalmente descobrir quem é e qual é a razão de sua perda de memória. Para isso, porém terá que enfrentar mais uma vez os obstáculos da incansável CIA, que através de alguns agentes de caráter um tanto quanto duvidoso tenta destruir Bourne de uma vez por todas. As investigações de Bourne o levam a uma série de descobertas "cabeludas" em torno da agência de espionagem, sobretudo em relação ao projeto no qual o personagem de Dammon foi incluso. Ou seja, desta vez Bourne finalmente descobrirá a verdade sobre si mesmo.

Com um roteiro muito bem elaborado (fato já marcante na série), a cargo de Tony Gilroy, Scott Z. Burns e George Nolfi, uma direção segura e mais do que eficiente por parte de Paul Greengrass, que utiliza em vários momentos importantes da trama uma câmera de mão, dando assim mais movimento e, de certa forma, juntamente com a edição frenética de Christopher Rouse, uma acentuada energia ao filme.

O longa também é marcado por primorosas cenas de ação, que por sinal não atrapalham o desenvolvimento da trama, pelo contrário, estão no filme justamente para acrescentar à ela. Além dos fatores citados acima, este com certeza também é um dos responsáveis pelo grande sucesso que o longa vem fazendo, já arrecadando mais de 100 milhões de dólares em bilheteria, somente em território norte-americano.

As cenas de ação são de um primor elevado. Ao contrário de um certo filme do "gênero" recentemente estrelado por Bruce Willis, a ação de O Ultimato Bourne complementa o filme de forma ímpar. E até mesmo cenas um tanto quanto exageradas (sim, elas existem) tornam-se, de certa forma, críveis devido à competência da execução e da fulminante edição, lembrando bastante as de vídeo-clipes. Uma cena que merece ser destacada é o combate de Bourne com um executor (agente responsável por, como o nome diz, executar alvos), que está à caça da personagem interpretada por Julia Stiles, antagonista de Bourne no filme anterior, neste agora ela é uma aliada (talvez bem mais que isso).

Outro ponto alto é em relação as locações. O filme é praticamente "multinacional". logo nos primeiros minutos podemos viajar pela Rússia, Itália, Estados Unidos, França e Marrocos. Também, de forma correta, diversas pequenas tramas são intercaladas (devido a grande quantidade de personagens coadjuvantes) num único núcleo, sem nunca deixar o nível de tensão que o filme carrega cair.

É válido lembrar que o longa tem um ótimo elenco de apoio (seguindo o padrão de qualidade já mostrado nos dois longas anteriores). Estão presentes no filme, além de Dammon e Stiles, David Strathairn (visto recentemente em Boa Noite, Boa Sorte), Joan Allen (O Outro Lado da Raiva) e os veteranos Scott Glenn (12 Horas Até o Amanhecer) e Albert Finney (Um Bom Ano).

Um ótimo exemplar do gênero. Tão bom (ou até mesmo melhor) quanto o recente Cassino Royale e o último Missão Impossível (e por que não citar a premiada série 24 Horas). Adrenalina, precisão, emoção e, finalmente, a revelação dos segredos sobre o agente são algumas das qualidades do longa. Um defeito? Ser tão curto quanto os outros filmes da trilogia... por que não 3 horas de perseguição e intriga? Quem sabe "num" próximo!

NOTA: 8,5.

Ficha Técnica
Título Original: The Bourne Ultimatum
Gênero: Ação
Tempo de Duração: 111 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2007
Site Oficial: www.thebourneultimatum.com
Hot Site: www.adorocinema.com/hotsites/bourne
Estúdio: Universal Pictures / Ludlum Entertainment / Bourne Again / The Kennedy/Marshall Company
Distribuição: Universal Pictures / UIP
Direção: Paul Greengrass
Roteiro: Tony Gilroy, Scott Z. Burns e George Nolfi, baseado em estória de Tony Gilroy e em livro de Robert Ludlum
Produção: Patrick Crowley, Frank Marshall e Paul Sandberg
Música: John Powell
Fotografia: Oliver Wood
Desenho de Produção: Peter Wenham
Direção de Arte: Grant Armstrong, Robert Cowper, Peter James, Andy Nicholson, David Swayze, Jason Knox-Johnston e Sebastian T. Krawinkel
Figurino: Shay Cunliffe
Edição: Christopher Rouse
Efeitos Especiais: The Senate Visual Effects / Snow Business / Lip Sync Post

Elenco: Matt Damon, Julia Stiles, David Strathairn, Scott Glenn, Joan Allen, Albert Finney.


Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=yawbyVSboWA

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

A Conquista da Honra / Cartas de Iwo Jima

Fazer dois filmes com um mesmo tema é complicado. Porém, fazê-los com duas visões diferentes, abordando duas nacionalidades distintas, mas que se complementam é muito mais complicado. No entanto, essa missão foi liderada por ninguém menos que Clint Eastwood (Menina de Ouro), aliado à Steven Spielberg, como prodtudor-executivo. Eles decidem transportar para o cinema a famosa batalha de Iwo Jima, ocorrida nos momentos finais da II Guerra Mundial. Pois é desta iniciativa que são moldados os filmes "A Conquista da Honra", que mostra o lado americano do combate, e "Cartas de Iwo Jima", sob o ângulo japonês.

A Conquista da Honra, ao contrário do que se pode pensar, não é um filme de guerra, mas sim uma alegoria dramática que acompanha a vida de três combatentes norte-americanos (vividos por Ryan Phillipe, Jesse Bradford e Adam Beach) que são utilizados como veículos de propaganda pelo governo dos EUA, com o objetivo de alavancar recursos para guerra travado, visto que a situação financeira do país não se encontrava em boas condições. Transformados em heróis de guerra da noite para o dia, o filme discute acerca da fabricação de heróis (tão recorrente da máquina de persuasão americana) e da fragilidade da qual os soldados passam (tanto psicológica, quanto social) quando voltam dos campos de batalha.

Um outro ponto de destaque do filme, além da mitológica fabricação de mitos, é a motivação adquirida pelos soldados. Ao contrário de que muitos longas do gênero mostram, não existe aqui um patriotismo cego por parte deles. É óbvio que os soldados estão no campo de batalha lutando pelo seu país, porém eles morrem não por ele, mas sim por seus amigos, como faz questão de frisar um dos personagens do longa.

O longa é muito bem construído por Eastwood, que utiliza os momentos de batalha (a maioria em flashbacks) apenas para ilustrar os traumas carregados pelos soldados, e não para construir uma alegoria de fogos e sangue, sem conteúdo algum. Mesmo com as batalhas não sendo o foco central do filme, a equipe técnica da produção se sobressai e mostra um maravilhoso apuro, principalmente a fotografia (a cargo de Tom Stern), que utiliza um tom monocromático muito semelhante ao utilizado em "O Resgate do Soldado Ryan" e na mini-série "Band of Brothers" (curiosamente dirigida e produzida por Spielberg, respectivamente).

O segundo é Cartas de Iwo Jima. Apresentando o olhar japonês da batalha, o filme tem um segmento de narrativa mais linear, mostrando desde a chegada dos soldados japoneses à ilha, até o momento do fatídico massacre perante as tropas norte-americanas. Mesmo sem ter uma montagem fragmentada como a de A Conquista da Honra, é devido a sua linearidade que se absorve mais rapidamente a história contada.

A trama do filme envolve o general Kuribayashi (o ótimo ator japonês Ken Watanabe, de "O Último Samurai) e sua ingrata missão de segurar poderio de fogo norte-americano ao máximo, mesmo possuindo um número substancialmente inferior de soldados ao do inimigo, deve defender a ilha de Iwo Jima, que é um ponto estratégico para ambos os países, com a própria vida, caso seja necessário.

O choque cultural é mostrado brilhantemente por Eastwood (com o auxílio do roteirista Paul Haggis e de Spielberg), quando um soldado japonês "salva" a vida de um americano e, falando em inglês com ele, vangloreia-se falando da olimpíada da qual participara e sobre as pessoas que conhecera enquanto residia nos EUA, isso retratado em um tom totalmente nostálgico pelo ator. Também é mostrado o lado negro do americano (que sempre posa de herói), no momento em que alguns japoneses desarmados são fuzilados a sangue frio, mesmo estes já estando rendidos.

Discutir acerca do apuro técnico do filme é inviável. Por conter bem mais cenas de combate e planos abertos (tanto gerais, quanto em close) da ilha, ele transborda beleza no segmento técnico, sem desmerecer, é claro, seu cunho dramático. A trilha sonora marca muito bem a jornada dos soldados japoneses e a fotografia tem o mesmo tom monocromático de A Conquista da Honra.

Muitos críticos consideraram Cartas de Iwo Jima como superior a A Conquista da Honra, no entanto prefiro ligeiramente o segundo. Não que ele seja "melhor" que Iwo Jima, mas devido a ousadia com o qual o tema central foi tratado (as conseqüencias da bandeira fincada no topo da ilha pelos soldados), o foco nas conseqüencias de atos ifundados e não nas batalhas em si.

Contudo, os dois longas se complementam de forma quase que mágica (tanto que para o lançamento em DVD também existe uma versão única dos dois, em box) e comprovam o talento do mais que veterano Clint Eastwood apra narrar histórias ao mesmo tempo pertinentes, do ponto de vista social e de denúncia, quanto emocionantes também. A improvável aliança a Steven Spielberg flui majestosamente.

Um ótimo projeto, que além de resgatar algumas polêmicas originalmente ocorridas em épocas negras da história americana, mostra a visão dos dois lados do front, sem delimitar em momento algum quem é herói ou vilão, bom ou mal, por que no fim o que virá será apenas mortes e recordações, muitas vezes desconstruídas pela história.

NOTAS: A Conquista da Honra: 9,0 / Cartas de Iwo Jima: 8,5.

Ficha Técnica (A Conquista da Honra):

Título Original: Flags of Our Fathers
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 132 minutos
Ano de Lançamento (EUA):
2006
Site Oficial: www.aconquistadahonra.com.br
Estúdio: DreamWorks SKG / Warner Bros. / Malpaso Productions / Amblin Entertainment
Distribuição: DreamWorks Distribution LLC / Warner Bros. / Paramount Pictures
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: William Broyles Jr. e Paul Haggis, baseado em livro de Ron Powers e James Bradley
Produção: Clint Eastwood, Steven Spielberg e Robert Lorenz
Música: Clint Eastwood
Fotografia: Tom Stern
Desenho de Produção: Henry Bumstead
Direção de Arte: Adrian Gorton e Jack G. Taylor Jr.
Figurino: Deborah Hopper
Edição: Joel Cox

Elenco: Ryan Phillipe, Jesse Bradford, Adam Beach, John Benjamin Hickey, John Slattery, Barry Pepper, Jamie Bell.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=eiOMtdneUVc

Ficha Técnica (Cartas de Iwo Jima):

Título Original: Letters from Iwo Jima
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 140 minutos
Ano de Lançamento (EUA):
2006
Site Oficial:iwojimathemovie.warnerbros.com/lettersofiwojima
Estúdio: DreamWorks SKG / Warner Bros. Pictures / Malpaso Productions / Amblin Entertainment
Distribuição: Warner Bros. / Paramount Pictures
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Iris Yamashita, baseado em livro de Tadamichi Kuribayashi e em estória de Iris Yamashita e Paul Haggis
Produção: Clint Eastwood, Steven Spielberg e Robert Lorenz
Música: Kyle Eastwood e Michael Stevens
Fotografia: Tom Stern
Desenho de Produção: Henry Bumstead e James J. Murakami
Figurino: Deborah Hopper

Elenco: Ken Watanabe, Kazunari Ninomiya, Tsuyoshi Ihara, Ryo Kase, Shido Nakamura, Hiroshi Watanabe.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=_fGgkDGF2Ts

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Um Bom Ano



O diretor Ridley Scott é extremamente versátil. Tendo iniciado sua carreira no épico "Os Dualistas", se consolidado no cinema com "Alien - O Oitavo Passageiro" e responsável pelo clássico "Blade Runner - O Caçador de Andróides", Scott também revitalizou o gênero de filmes épicos em Hollywood, com o premiadíssimo "Gladiador" e mostrou conotação política no drama de guerra "Falcão Negro em Perigo" e no também épico "Cruzada".


Para justificar minha acertiva de que Scott é, mais do que tudo, versátil, seu último trabalho (a semelhança de Os Vigaristas, de 2003), Um Bom Ano, é um filme descompromissado de causas políticas e visual apurado (a não ser as belas paisagens parisienses), trazendo uma mistura bastante simples de gêneros, passeando desde a comédia até romance e nuances dramáticas. Ele difere bastante de sua filmografia, tendo sido veementemente criticado negativamente por alguns críticos, porém o filme não é ruim. Ele mostra que o veterano diretor americano quis tirar uma licença das superproduções (se bem que seu próximo projeto será mais um épico acerca da lenda de Robin Hood).

Um Bom Ano é um filme bastante divertido e envolvente. Excluindo alguns momentos desnecessários, geralmente quando flerta com uma comédia mais pastelão, o filme alcança aquilo a que almeja, entreter. O longa é estrelado pelo oscarizado Russel Crowe (que repete a parceria com Scott, já que trabalharam juntos em Gladiador), pelo veterano ator inglês Albert Finney (de Peixe-Grande) e pelo jovem talento Freddie Highmore (Em Busca da Terra do Nunca).

O enredo gira em torno do personagem de Crowe, Max Skinner, homem bem-sucedido (e bastante arrogante) que herda um vinhedo de seu tio, com o qual não falava há muitos anos. A história prosegue mostrando a mudança de caráter pela qual o personagem atravessa durante a temporada que permanece em Paris (Skinner vem de Londres, enquanto a herança se encontra em Paris). O filme utiliza mensagens como a da construção do indivíduo, de garoto até tornar-se homem. Das peculiaridades das escolhas e de suas conseqüencias e, principalmente de redenção, de segundas chances. Tudo isso apresentado em um tom leve, muitas vezes romantizados além da conta, porém não chega a prejudicar o andamento do filme.

O ponto de maior destque de Um Bom Ano é a mensagem acerca que ele carrega, que é de fácil dentificação de quem o assiste, pois transmite os anseios comuns as pessoas em geral. Mensagens como realização própria, resgate de lembranças da infância, fazendo canal com as realizações conseguidas, tanto profissionalmente, quanto, principalmente, de âmbito pessoal no estado presente. Aspectos estes que ninguém cansa de perseguir. Sendo assim, por que não sentar-se no sofá com alguém que se gosta ao lado e sonhar um pouco ao assistir ao filme. Não custa nada sonhar.

NOTA: 7,5.

Ficha Técnica:

Título Original: A Good Year
Gênero: Comédia
Tempo de Duração: 118 minutos
Ano de Lançamento (EUA):
2006
Site Oficial: www.agoodyear.com
Estúdio: Scott Free Productions
Distribuição: 20th Century Fox Film Corporation
Direção: Ridley Scott
Roteiro: Marc Klein, baseado em livro de Peter Mayle
Produção: Ridley Scott
Música: Marc Streitenfeld
Fotografia: Philippe Le Sourd
Desenho de Produção: Sonja Klaus
Direção de Arte: Robert Cowper e Frederic Evard
Figurino: Catherine Leterrier
Edição: Dody Dorn

Elenco: Russel Crowe, Albert Finney, Freddie Highmore, Tom Hollander, Rafe Spall.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=Be98OxXPYUY

domingo, 19 de agosto de 2007

Em Nome da Honra


Está virando moda ambientar filmes em cenários suburbanos do continente africano, principalmente retratando histórias trágicas vividas por seu povo. São exemplos disso filmes como "O Jardineiro Fiel", de Fernando Meirelles, "Hotel Ruanda", de Terry George, "Diamante de Sangue", de Edward Zwick e este novo trabalho de Philip Noyce (Jogos Patrióticos), Em Nome da honra, estrelado por Tim Robbins (de Sobre Meninos e Lobos) e Derek Luke (jovem ator revelado por Denzel Washington no filme Voltando a Viver).

Passado na África do Sul, na época sob o regime político conhecido como apartheid (de acordo com a wikipedia: regime segundo o qual os brancos detinham o poder e os povos restantes eram obrigados a viver separadamente, de acordo com regras que os impediam de ser verdadeiros cidadãos), o filme acompanha a história de Patrick Chamusso (Derek Luke), operário de uma grande usina pretoleira que se vê perseguido pelo serviço-secreto, liderado pelo agente Nic Vos (Tim Robbins), após um atentado a usina, recaindo a Patrick a condição de principal suspeito, mesmo este sendo inocente. Após ser torturado e chantageado por Vos, visto que este também tortura a esposa de Patrick, "admite" que cometeu o crime. Porém, são descobertos alguns fatos que o inocentam. Dessa forma, Patrick é liberado.

A partir dái, o homem que não nutria simpatia pelos grupos de ideologia separatista, passa a pensar de forma diferente após as humilhações passadas e deixa sua família (esposa e filhos) em busca de liberdade para sua família e o povo sul-africano. Após ser integrado a um dos grupos, arquiteta um novo plano para a destruição da usina como forma de pressionar o regime.

Este longa, que retrata um período negro da história africana (um de vários, por sinal), em plena geurra-fria, num regime de controle político absoluto dos brancos, tem como eixo dramático a relação familiar, sempre retratada em tom de comparação (as família de Patrick e de Vos têm espaço similar no longa), explanando dois universos extremamantes opostos, porém nutrindo preceitos semelhantes e, claro, a denúncia social.

Em Nome da Honra é um filme tenso, bem escrito e executado. Mas o maior destaque são as ótimas interpretações. Noyce tem total controle sobre a obra, dosando de forma eficaz os momentos mais acelerados da trama com os de mais dramaticidade. Méritos também para o roteirista Shawn Slovo, que em ouco mais de uma hora e meia de projeção costura um período de luta sul-africano de forma clara e concisa, que abrirá os olhos de muita gente para as mazelas das quais o povo africano foi e ainda é submetido. É válido ressaltar as participações no projeto dos diretores Sydney Pollack (A Intérprete) e Anthony Minghella (Cold Mountain) como produtor- executivo e produtor respectivamente.

NOTA: 9.

Ficha Técnica:
Título Original: Catch a Fire
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 98 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2006
Estúdio: Universal Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Direção: Phillip Noyce
Roteiro: Shawn Slovo
Produção: Tim Bevan, Eric Fellner, Anthony Minghella, Robyn Slovo

Elenco:
Derek Luke, Tim Robbins,
Bonnie Mbuli, Mncedisi Shabangu, Sithembiso Khumalo, Terry Pheto e Michele Burgers.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=-h8AuH8m5Q4

terça-feira, 14 de agosto de 2007

ABC do Amor


Desde "Meu Primeiro Amor (My Girl)" que não assistia a uma comédia romântica focada em crianças tão singela e, ao mesmo tempo, tão profunda (guardadas as proporções para um filme do gênero) quanto ABC do Amor. Sem muitas pretensões, o longa passeia pelo universo do descobrimento do primeiro amor, sob o ângulo de um garoto que, contrariando suas próprias convicções, acaba se apaixonando e descobrindo pela primeira vez a dor que um sentimento não correspondido pode causar.

O jovem Gabe (vivido pelo talentosíssimo Josh Hutcherson, que apareceu recentemente no filme Ponte para Terabítia) é um garoto de quase 10 anos de idade, tem vários amigos e uma rotina completamente normal. Porém, quando decide praticar caratê tem sua vida mudada totalmente. Acaba apaixonando-se por Rosemary (a não menos talentosa Charlie Ray, em seu primeiro papel no cinema), garota com quem estudara durante o jardim-de-infância, mas que devido as adversidades da vida acabaram se distanciando. No entanto eis que o destino acaba juntando-os novamente. A partir daí tudo acontece, os dilemas da primeira paixão, a dúvida sobre o primeiro beijo, as conturbadas percepções acerca da pessoa da qual gosta, tudo isso sob um ângulo envolvente e, ao mesmo tempo, descontraído.

Além do enredo caprichado (e bastante simples) e das famosas lições de vida que o longa traz, a inserção dos adultos neste mundo de fantasia é muito bem aplicada pelo diretor Mark Levin, que consegue encantar tanto o público infantil quanto ao público adulto, com muito mais competência do que certas comédias românticas que saem a toda hora. ABC do Amor aplica lições a qualquer casal de marmanjo, já que transporta de maneira elucidativa toda a magia e complicação que existe durante um relacionamento e, principalmente, antes deste ocorrer.

Quanto a parte técnica o filme é dotado de uma estrutura simples, no entanto eficiente. Edição linear, narração em off do protagonista, ótima trilha sonora (a cargo de Chad Fisher) e uma fotografia exemplar, que consegue explorar bem com planos belíssimos uma pequena parte de Manhattan, tanto que o título original do fime (Little Manhattan) nos remete tanto ao tributo a bela cidade, quanto ao protagonista da película.

Por fim, um ótimo filme, muito bem feito e com um apelo magnífico, que com certeza agradará a gregos e troianos (que possuírem coração, é claro) e que com o seu encerramento nos deixa uma sensação de saudade de um período da vida onde os problemas eram resolvidos com lágrimas e sorrisos, eram esquecidos em segundos e onde a inocência estava sempre presente. Resumindo, o filme.

NOTA: 9,5.

Ficha Técnica:
Título Original: Little Manhattan
Gênero: Comédia Romântica
Tempo de Duração: 84 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2005
Site Oficial: www.littlemanhattan.com
Estúdio: New Regency Pictures / Epsilon Motion Pictures / Pariah
Distribuição: 20th Century Fox Film Corporation / Warner Bros.
Direção: Mark Levin
Roteiro: Jennifer Flackett
Produção: Gavin Polone
Música: Chad Fisher
Fotografia: Tim Orr
Desenho de Produção: Stuart Wurtzel
Direção de Arte: John Kasarda
Figurino: Kasia Walicka-Maimone
Edição: Alan Edward Bell


Elenco: Josh Hutcherson, Charlie Ray, Bradley Whitford, Cynthia Nixon, Willie Garson e Tonye Patano.

Trailer:http://www.youtube.com/watch?v=5RIIP1XYL2g

A Volta dos Bravos


Após aparentemente "superar" os dramas sofridos após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, como os filmes "As Torres Gêmeas" e "Vôo United 93", Hollywood passa agora a analisar as conseqüencias dos dramas ocorridos com seus soldados na recente invasão dos EUA ao Iraque (tendo seu auge a prisão e posterior morte do ditador iraquiano Sadam Hussein), como é focado no filme A Volta dos Bravos.

O filme acompanha os traumas de alguns soldados que voltaram do conflito no Iraque e as seqüelas da guerra em suas vidas e , conseqüentemente na dos seus familiares. O médico vivido por Samuel L. Jackson (de Serpentes a Bordo) passa por sérios conflitos com sua esposa e filho, e convive diariamente com pesadelos que o atormentam sempre. A professora de educação física (a sempre bela Jessica Biel, de London) tem sérias dificuldades para se adaptar novamente a rotina da vida, tanto por causa do amputamento de uma de suas mãos, quanto pelas transgressões vividas por ela durante sua estadia no Iraque. Também merecem destaque os dois fuzileiros (vividos por Brian Presley e Curtis "50 Cent" Jackson) que, além de tudo, perdem um amigo no campo de batalha).

Acho válido destacar o questionamento por parte dos soldados a respeito de como seriam vistos no futuro pelo povo iraquiano. Seriam eles tidos como salvadores? Arautos da liberdade? Uma mensagem claríssima que contrapõe o atual sentimento anti-americano existente entre os povos ao redor do globo.

Essa trecho acima pode soar um tanto quanto batido, no entando o filme do veterano diretor e roterista Irwin Winkler tem uma elevada carga dramática na condução dos personagens, passeando com clareza e em tom realístico pelos dilemas vividos pelos ex-combatentes, sempre com ênfase no questionamento de usa posição na sociedade a partir de quando deixam o conflito.

No final não importa se existem jogos políticos (que por sinal são mostrados brilhantemente no longa de Clint Eastwood, A Conquista da Honra) por trás de tudo. Todo o mérito do filme está exatamente em mostrar não apenas a guerra, o conflito, cenas de combate sem conteúdo algum, a não ser divertir platéias alienadas, mas sim em dar destaque as consqüencias desta naqueles que muitas vezes são usados como peões, os soldados. Não cabe aqui um argumento moralista ou um comentário extremo, nem muito menos ser ufanista ou anti-americano. O que deve ser percebido é que no fim de tudo, o que restará e importará é a vida. E a vida não escolhe partido ou nação. Esta é a mensagem principal do filme e a única coisa que deve importar no final.

NOTA: 9.

Ficha Técnica:
Título Original: Home of the Brave
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 105 minutos
Ano de Lançamento (EUA / Marrocos): 2006
Site Oficial: www.mgm.com/homeofthebrave
Estúdio: MGM / Emmett/Furla Films / Millennium Films / Zak Productions / Severe Entertainment / North by Northwest Entertainment / Winkler Films
Distribuição: MGM
Direção: Irwin Winkler
Roteiro: Mark Friedman, baseado em estória de Irwin Winkler e Mark Friedman
Produção: Rob Cowan, Randall Emmett, George Furla e Irwin Winkler
Música: Stephen Endelman
Fotografia: Tony Pierce-Roberts
Desenho de Produção: Warren Alan Young
Figurino: Karyn Wagner
Edição: Clayton Halsey
Efeitos Especiais: Worldwide FX / Makeup Effects Laboratories Inc.

Elenco: Samuel L. Jackson, Jessica Biel, Brian Presley, Curtis "50 Cent" Jackson, Christina Ricci, Chad Muchael Murray.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=hPeggaEOwf8

100 Escovadas Antes de Dormir


Baseado num best-seller italiano, que mostra a perda da inocência e a subseqüente jornada ao mundo do sexo de uma adolescente, o filme 100 Escovadas Antes de Dormir aposta muito no quesito visual, porém não de forma tão enfática quanto a mostrada no livro, mas sim de maneira muito mais polida e, por que não, sugestiva. Porém, é devido, principalmente, a este aspecto que o longa perde em qualidade.

A trama é bastante enxugada em pouco mais de 90 minutos, mostrando as várias fases pela qual Melissa (vivida pela bela atriz espanhola Maria Valverde), sendo utilizadas as estações do ano como mediadoras das contínuas mudanças de personalidade vivida pela personagem. Sendo tão curto, o filme não tem espaço suficiente para mostrar a "saga" de Melissa com mais precisão e controle.

O diretor italiano Luca Guadaginno não consegue transportar com eficácia as cenas de sexo (bastante fortes no livro) para a tela. Valverde convence como adolescente inocente que aos poucos começa a descobrir-se como mulher, porém sua faceta de dominadora não convence, muito menos sua interpretação de femme fatale.

Com o visual comprometido e o alcançe dramático aquém do esperado, tanto por parte do roteiro (bastante tolo em certos momentos) quanto pelo elenco, o filme acaba ficando sem apelo e força para atrair o espectador da maneira desjeada. Ele vende uma imagem de escandaloso quando, extraindo algumas cenas que buscam um tom mais forte (como a primeira aparição de Melissa na tela), quando isto não ocorre.

Por fim, o longa deixa muito a desejar, tanto pela falta de dramaticidade, quanto pelos equívocos cometidos por Guadaginno e equipe. Um filme fraco que ainda escorrega na pouca valorização do círculos familiar da protagonista, relegando-a a segundo plano e com um tom completamente apático, como se os pais fossem acéfalos para não perceberem as mudanças drásticas no mundo e na vida da filha.

NOTA: 5.

Ficha Técnica
Título Original: Melissa P.
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 100 minutos
Ano de Lançamento (Itália / Espanha / EUA): 2005
Site Oficial: www.melissa-p.it
Estúdio: Sony Pictures Entertainment / Bess Films / Pentagrama Films S.L.
Distribuição: Sony Pictures Entertainment
Direção: Luca Guadagnino
Roteiro: Luca Guadagnino, Barbara Alberti e Cristiana Farina
Produção: Claudio Amendola, José Ibáñez e Francesca Neri
Música: Lucio Godoy
Fotografia: Mario Amura
Desenho de Produção: Gianni Silvestri
Direção de Arte: Ettore Guerrieri
Figurino: Antonella Cannarozzi
Edição: Walter Fasano


Elenco:
Maria Valverde, Maria Teresa Bagardo, Giulio Berruti, Vania Cadura, Geraldine Chaplin, Elio Germano.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=Nj4oMYN06Vs

terça-feira, 7 de agosto de 2007

O Som do Trovão


Confesso que sempre fui fã de filmes de ficção-científica e de efeitos-visuais. Desde clássicos vistos durante a minha infância, como os da série Alien, Robocop, Star Wars (este último com menos intensidade), como também lançamentos mais recentes (Minority Report, Eu, Robô, etc). Porém, ao assistir a este "O Som do Trovão" todo este fascínio vem a baixo. Um péssimo enredo e um pior ainda desenvolvimento destroi toda a estrutura da história do longa, que poderia render um filme no mínimo razoável. No entanto, o filme não decepciona apenas por seu roteiro mal executado, mas também pelo péssimo aproveitamento dos personagens (carga dramática zero nas interpretações dos atores) e, em destaque, algo que no mínimo não pode faltar a uma produção de tema semelhante (viagem ao tempo, alterações climáticas), péssimos efeitos especiais (atributo senão é prioridade para um filme do gênero, é no mínimo essencial).

A "trama" sobre viagem ao tempo até que tenta ter fundamento, porém cai em clichês de filmes (ruins também, por sinal) do gênero, perdendo o foco principal do tema colocado e, dessa forma, caba por tornar o longa maçante e altamente previsível. A questão aberta pelo filme acerca da interferência do homem no tempo-espaço é interessante, como também a análise da evolução dos seres, no entanto o diretor Peter Hyams (também responsável pela fotografia) não demonstra habilidade (e talento) suficiente para comandar esta fantasia, perdendo o controle e, conseqüentemente, o rumo do filme em quase toda a projeção, deixando toda a carga dramática em quinto plano.


"O Som do Trovão" é estrelado por dois astros de Hollywood, o galã Edward Burns (de 15 Minutos) e Sir. Ben Kingsley (vencedor do Oscar de melhor ator por Gandhi). O primeiro, ao qual considero um ator razoável (o vi pela primeira vez em O Resgate do Soldado Ryan), anda ultimamente escolhendo péssimos projetos , e infelizmente este é um deles. Sua atuação é sofrível, uma das piores já vista. Perdido completamente no set, quase sem empatia com o espectador do longa. Quanto a Kingsley, conceituadíssimo e experiente ator britânico, parece ter dado um tempo aos grandes papeis e, também as majestosas interpretações, pois acaba se metendo em algumas pérolas como Bloodrayne (péssimo filme de Uwe Boll) e esta. Seu personagem é extremamante caricato e seu figurino (incluindo uma peruca branca ridícula) só contribui para o pior. No entanto, parece que pelo menos o ator se diverte bastante com o personagem.

Pois bem, a direção confusa, os efeitos de segunda, elenco completamente perdido e total falta de dramaticidade são ingredientes mais do que suficientes para destruir por completo este projeto. O que sobraram forma apenas algumas (pouquíssimas, por sinal) boas idéias que, infelizmente forma mal desenholvida pela equipe de roteiristas (imensa, por sinal) e pelo diretor Hyams. Se o conto do qual o longa foi baseado for tão ruim, o filme deve ser considerado perfeito. Senão (e acredito que não seja), recomendo que passe longe de "O Som do Trovão", que junto ao filme "A Reconquista" (também produzido pela Franchise Pictures, que aliás carregava o projeto do filme desde 2002, sendo este lançado apenas em 2005 e, conseqüentemente, acarretou em sua falência) é uma das piores obras de ficção-científica que eu já assisti.

NOTA: 3

Ficha Técnica
Título Original: A Sound of Thunder
Gênero: Ficção Científica
Tempo de Duração: 103 minutos
Ano de Lançamento (EUA / Alemanha / República Tcheca): 2005
Site Oficial: http://asoundofthunder.warnerbros.com
Estúdio: Franchise Pictures / ETIC Films / Forge / Crusader Entertainment LLC / ApolloMedia / Dante Entertainment / QI Quality GmbH & Co. KG / Epsilon Motion Pictures / Baldwin Entertainment Group
Distribuição: Warner Bros. / UIP / Europa Filmes
Direção: Peter Hyams
Roteiro: Thomas Dean Donnelly, Joshua Oppenheimer e Gregory Poirier, baseado em roteiro de Thomas Dean Donnelly e Joshua Oppenheimer e em estória de Ray Bradbury
Produção: Howard Baldwin, Karen Elise Baldwin, Moshe Diamant e Andrew Stevens
Música: Nick Glennie-Smith
Fotografia: Peter Hyams
Desenho de Produção: Richard Holland
Direção de Arte: Keith Pain
Figurino: Sakina Msa e Esther Walz
Edição: Sylvie Landra
Efeitos Especiais: Black Mountain / Cineplus Cologne / Furious FX / QIX Quality International Effects / Feinwerk Berlin

Elenco: Edward Burns ,August Zirner ,Ben Kingsley ,Catherine McCormack, Armin Rohde, Heike Makatsch.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=dnLZjBnVm38