domingo, 10 de janeiro de 2010

ESPECIAL: Os Melhores e os Piores filmes de 2009

Não saberia afirmar com toda a certeza se 2009 foi um ano melhor do que 2008 no mundo do cinema. Ambos os anos (apesar da crise dos roteiristas de Hollywood, entre 2007 e 2008) apresentaram grandes lançamentos, grandes novidades e, como não poderia deixar de ser, grandes fracassos e lixos. Talvez 2009 tenha tido sorte devido à pluraridade de gêneros que dominaram os charts de bilheteria mundial, contudo também foi um ano de fracassos anunciados e surpresas negativas. Segue abaixo, em ordem de importânica, os melhores filmes do ano, na minha opinião. Alguns nomes, como O Lutador e Frost/Nixon, originalmente lançados em 2008, estão presentes na lista devido a estes só tirem sido lançados no mercado nacional e, portanto, vistos por mim no ano de 2009. A seguir, apresento pior blockbuster (ou pretenso blockbuster) do ano, seguido da maior decepção do ano e finalizo com a pior seqüencia (que já é praticamente um gênero do cinema americano) do ano. Foi bastante trabalhoso elaborar todos os textos e, acho que devidoà extensão de todo o material pode ser descontado o período de um mês sem atualizações no blog. Pois bem, vamos aos melhores filmes do ano passado, que, é válido frisar, não estão em ordem de preferência (adotei a genérica e conhecida ordem alfabética). Com vocês, os meus destaques do ano de 2009:

- AVATAR, de James Cameron.

Um passeio para outra realidade. O deslumbramento com um universo novo e tangível. A ilusão de entrar na tela de cinema e ultrapassar a linha entre a realidade e a ficção, entre o possível e o impossível, entre o concreto e o abstrato. A comprovação de que através do cinema o homem pode ser levado para qualquer pode ser levado para qualquer destino, até mesmo àqueles que na verdade não existem. Nem todos os filmes provocam tais efeitos nos espectadores, muito menos se forem analisados os longas dos últimos cinco anos. Contudo, esta nova obra de James Cameron, o visionário diretor do filme de maior sucesso de público da história do cinema, Titanic, além de realizador de títulos ímpares do cinema moderno, como os dois primeiros episódios de "O Exterminador do Futuro", o segundo capítulo da série Alien, intitulado "Aliens - O Resgate", além dos "menores "O Segredo do Abismo" e "True Lies", conseguiu transpor estes limites ao apresentar neste novo trabalho, intitulado Avatar, um mundo completamente novo, possuidor de espécies naturais próprias (fauna e flora complexas, geografia única etc) e, mais importante ainda, de uma concepção estrutural incrivelmente crível, com a exploração de dialetos e manifestações culturais (importantíssimo para que a ilusão de "real" de Avatar possa vir a ser concretizada), por parte dos Na'vi, por exemplo, que é como é definida a raça humanoide que reside na lua de Pandora, espaço este onde a trama do filme é desenvolvida, e que é o destaque do filme. Simplesmente fascinante.

Com toda a certeza, eu, como espectador de cinema, como consumidor desta arte, não sentia tamanha imersão dentro de um universo que não fosse o meu, ou seja, completamente ficcional (tanto por ser cinema, quanto pela conceitualização da idéia), desde o final da trilogia "O Senhor dos Anéis" (aliás, talvez desde o remake de "Kink Kong", de 2005 - coincidentemente do realizador da trilogia do anel, Peter Jackson). Avatar, com toda a sua complexidade conceitual e, além disso, com o seu tratamento visual inacreditavelmente deslumbrante (infelizmente não tive a oportunidade de visualizar o longa através da tecnologia 3D - o filme foi construído pensando nesta plataforma -; com certeza a experiência seria exponencialmente amplificada) pode ser considerado como o ponto de partida (apesar alguns títulos o terem precedido) de uma nova dimensão na maneira de se conceber filmes. Fico aqui apenas vislumbrando como seria fascinante acompanhar Avatar numa sala de cinema I-Max com tecnologia 3D. É de ficar banbando...

Quanto ao enredo de Avatar, este não apresenta muitas novidades. A trama é até certo ponto simples, tanto em sua concepação narrativa, quanto em conteúdo e carrega uma paráfrase acerca da contínua exploração humana dos recursos naturais e pela natureza em geral (incluem-se aí a escravidão e/ou a exploração territorial, à semelhança das grandes navegações do século XV). Na verdade, a trama de Avatar nada mais é do que uma recontextualização da lenda de Pocahontas, anexada a conceitos modernos de sustentabilidade e preceitos espirituais, resultando assim num pensamento filosófico simples, direto, porém impactante, apesar de nada original, tanto em concepção, quanto em forma, como já fora destacado.

Por fim, trama simples e eficiente. Conteúdo de questionamento, atual e importante. Concepção artística e visual perfeitas. Montagem ascendente, que não segura imagens ou informações do espectador além do tempo necessário, mas sim o conquista. Entretenimento pensante, sem deixar de entreter (dã). Filme mais caro do ano (quiçá da história) e, apesar de estar em cartaz a pouco mais de três semanas, já detém o posto de segundo lugar dentre as maiores bilheterias da história do cinema (advinha de quem é a primeira posição). Prováveis indicações à prêmios à vista (o Globo de Ouro já fez a sua parte) e uma seqüência praticamente certa. entre altos e baixos, tropeços e sucessos, o cinema popular caminha, apesar dos percalços e crises criativas, rumo a um novo caminho e, felizmente ou não, quer se concorde ou não, Avatar ajudou a mostrar esta direção de futuro e já deu o primeiro passo. Que venha a seqüência, pois Mr. Cameron com certeza terá por objetivo quebrar mais um paradigma. O cinema e, por que não, o mundo do entretenimento, agradece. O mundo apresentado em Avatar é real!

Avatar. De James Cameron. Com Sam Worthington, Zöe Saldana, Sigourney Weaver, Stephen Lang, Michelle Rodriguez e Giovanni Ribisi. Twentieth Century Fox. 166 minutos.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=-8l_Z11sxyY

- Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino.

É incrível como o tema II Guerra Mundial continua inspirando a indústria de entretenimento, vide o lançamento em massa de livros, revistas e documentários, em especial o cinema, visto os diversos filmes lançados que abraçaram esta temática nos últimos anos, sejam emotivos como "O Resgate do Soldado Ryan", sejam reflexivos como "Além da Linha Vermelha", ou até mesmo questionadores e comparativos, como a dupla "A Conquista da Honra" e "Cartas de Iwo Jima" e polêmicos como "Milagre em Sta. Anna". Contudo, apesar de alguns focos difusos serem apresentados (vide justamente dramas como "O Pianista", "O Leitor" e "Um Homem Bom"), em sua maior parte das produções que retratam a grande guerra não apresentam novas interpretações, novas amostragens estéticas, outras visões sobre tão famoso episódio da tragédia humana.

Entretanto, dentre esta vastidão de títulos, alguns se sobressaem pelo seu foco diferenciado, pela estilização do episódio sem que este perca sua principal conotação: a tragédia. E, entre os que obtiveram êxito estão títulos como "O Grande Ditador", de Chaplin e "A Vida é Bela", de Benigni, até que chegamos ao lançamento deste que já é considerado por boa parte dos críticos e do público (é a maior bilheteria do cineasta até hoje) como um dos melhores trabalhos do diretor Quentin Tarantino (de Pulp Fiction - Tempos de Violênica e Kill Bill): o inusitado e divertido Bastardos Inglórios.

Se você deseja conhecer um pouco sobre a trama do longa, basta acessar este link para visualizar uma crítica do filme, pois o enfoque deste texto é apenas tentar explicitar em poucas linhas o por que das qualidades desse trabalho ímpar de Tarantino. À começar pela inventividade absurda da trama, que apresenta uma trupe de soldados norte-americanos judeus que, sob a batuta do tendente vivido pelo extremamente à vontade Brad Pitt (de O Curioso Caso de Benjamin Button), partem Europa à fora escalpelando alemães nazistas, marcando-os com faca uma suástica no centro da testa e/ou os matando à porradas de bastão de beiseball (é vero). O que dizer também da construção do personagem Hans Landa, coronel alemão excepcionalmente concebido pelo até então deconhecido Christopher Waltz (cotadíssimo para levar o prêmio de melhor ator-coadjuvante no Globo de Ouro e, quiçá do Oscar), que mostra um nazista incrivelmente inteligente, sagaz e erudito, um poliglota que, ao contrário do estereótipo de rigidez bruta, grossura e, de certa forma, estupidez e maldade que a maioria dos personagens nazistas recebem no cinema (em destaque o norte-americano, óbvio), apresenta-se como um homem bastante culto e extremamente simpático, quebrando assim o paradigma da maldade desnatural e "inumana" atribuída aos soldados do regime nazista em geral, apesar de com toda a certeza carregar consigo a indubitável missão de conquista e extermínio tão conhecida por todos.

Estes foram apenas dois dos váeios aspectos que podem ser apontados como diferenciais positivos neste exímio trabalho de Tarantino que, apesar de mexer com um tema extremamente tenso e delicado (e conhecido também), o faz de maneira particular e, por que não dizer, autoral, já que este sente-se totalmente a vontade para alterar diversos fatos e situações "históricas" para que sua estória ganhe em dinamicidade e clímax. Tecnicamente perfeito e com diversas passagens que buscam homenagear o próprio cinema - aspceto este recorrente na obra do autor, Bastardos Inglórios já pode ser considerado um dos melhores trabalhos de Tarantino, podendo assim completar a trindade junto à "Cães de Aluguel" e "Pulp Fiction - Tempos de Violência" e passando por cima dos bons, porém não mais que isso "Kill Bill". Alugue já...

Bastardos Inglórios (Inglorious Basterds). De Quentin Tarantino. Com Brad Pitt, Christopher Waltz, Eli Roth, Mélanie Laurent, Michael Fassbender, Diane Krueger, Daniel Brhül e Til Schweiger. Universal Pictures. 153 minutos.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=gt7m1LDlOl8

- Intrigas de Estado, de Kevin MacDonald.

Versão cinematográfica de uma premiada mini-série inglesa, Intrigas de Estado é um thriller dramático de primeira qualidade, estrelado por astros (astros atores/atrizes, não confundir com os astros "apenas pelos rostos" tão em voga no cinema atual) do naipe de Russel Crowe e Helen Mirren (ambos já vencedores do Oscar), Ben Affleck e Rachel McAdams e dirigido com primor e classe pelo indicado ao Oscar Kevin MacDonald (pelo documentário One Day in September, em 2000), que enfoca o cotidiano de um jornal, em especial a relação entre um jornalista e um senador, velhos amigos desde os tempos de infância, que se vêem entrelaçados numa trama de conspiração complexa, devido ao suposto envolvimento deste último com sua secretária, que acabara de ser assassinada. A premissa do longa reúne dilemas éticos e morais, complôs políticos, lobbies por parte de grandes corporações, além de temas mais humanos, como os limites entre amizade e responsabilidade profissional.

Confesso que desde títulos como "O Informante", de 1999 e "Leões e Cordeiros", de 2005, que não assistia a um thriller político tão interessante e bem-elaborado quanto este Intrigas de Estado. Bastante convincente e possuidor de uma edição que mantém o espectador sempre atento e curioso, além de tentar ao máximo dar espaço aos diversos (e importantes) personagens que recheiam a trama, que apresenta pontas de outros grandes talentos do cinema em pequenas pontas, como Jeff Daniels, Jason Bateman e Robin Wright.

Apesar da qualidade acima da média, devido à sua produção ter sido um tanto quanto conturbada (o elenco mudara diversas vezes durante a pré-produção do longa) e sua estréia ter sido no começo do ano de 2009, Intrigas de Estado provavelmente não será lembrado pela Academia para alguma indicação ao Oscar (vide o conhecido pré-Oscar, o Globo de Ouro, não tê-lo indicado em nenhuma categoria). No entanto, apesar de provavelmente não vir a ser um filme altamente premiado, Intrigas de Estado é um filme que merece ser visto e redescoberto em DVD, visto que, para completar, o longa não teve um desempenho espetacular nos cinemas mundo à fora. Mais informações sobre o filme estão disponíveis neste link.

Intrigas de Estado (State of Play). De Kevin MacDonald. Com Russel Crowe, Ben Affleck, Rachel McAdams, Helen Mirren, Robin Wright, Viola Davis e Jeff Daniels. Universal Pictures. 127 minutos.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=UJ2OpcUwdjc

- Presságio, de Alex Proyas.

Filme catástrofe que enfoca mais uma vez o possível fim do mundo e, conseqüentemente, a extinção da humanidade, Presságio diferencia-se dos outros longas por, a exemplo do excepcional "O Nevoeiro", de Frank Darabont (baseado em obra do popular Stephen King), apostar na crueza do que seria o fim dos tempos, apresentando uma narrativa complexa, porém dinâmica, que mistura leituras e aspectos científicos à questões dogmáticas de âmbito exotérico e religioso, formando assim um painel bastante interessante de teorias sobre aleatoriedade e determinismo, sem deixar de focar nas seqüências de ação (a cena da queda de um avião é no mínimo espetacular), no drama dos personagens principais (onde até Nicolas Cage não compromete, apesar de insistir tanto no corte de cabelo estranho, quanto na interpretação à lá tonto desligado que carrega dos últimos anos) e, principalmente no clima de mistério, fazendo deste Presságio um dos melhores títulos do gênero sci-fi (com toques de thriller) dos últimos anos.

Contudo, parte da crítica torceu o nariz para esta pequena grande obra do egípcio Alex Proyas, diretor de "Eu, Robô" e "O Corvo", classificando-o como um filme B em pleno espaço hollywoodiano. Quanto ao público, o filme não fez feio e, tanto nos Estados Unidos, quanto no Brasil, deteve um razoável número de espectadores. Quanto ao clima de filme B, pode até ser verdade, no entanto acredito que foi feito de maneira proposital, ao contrário de alguns pretenciosos blockbusters, que são vendidos como obras gigantescas e monumentais e são tão ou mais B do que qualquer sci-fi dos anos 50 (vide o recente remake de "O Dia em Que a Terra Parou", estrelado por Keanu Reeves, que não é o pior dos filmes, mas não deixa de carregar uma aura B), Presságio é um interessante registro estético e possuidor de uma narrativa bem construída e interessante, dando uma surra em diversos filmes que enfocam o tom de mistério em seu enredo, independentemente do gênero, como títulos como "Fim dos Tempos" (de M. Night Shyamalan) e "O Código Da Vinci" (de Ron Howard).

Ficação-científica? Suspense? Drama? Presságio não detém um gênero específico. Apresenta estes e outros mais, sem perder o foco principal: apresentar uma trama ficcional repleta de referências científicas e religiosas de maneira crível. Quer ver um ponto de vista crítico? Aqui está.

Presságio (Knowing). De Alex Proyas. Com Nicolas Cage, Rose Byrne, Chandler Canterburry e Lara Robinson. Summit Entertainment / Paris Filmes. 122 minutos.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=KgRPpoqFR4w

- Se Beber, Não Case
, de Todd Phillips.

O gênero comédia nunca foi um dos meus preferidos. Contudo, desde a "invasão" dos filmes escritos, dirigidos e/ou produzidos por Judd Apatow e Evan Goldberg na minha vida, passei a acompanhar mais atentamente alguns lançamentos (e clássicos, por que não) do gênero. Porém, apesar do ligeiro entusiasmo com a "descoberta" da comédia como uma opção válida de entretenimento de qualidade, com certeza nunca havia apontado um título do gênero entre os melhores filmes do ano, por exemplo. No entanto, isso mudou após conferir Se Beber, Não Case, quarto trabalho do até então pouco conhecido realizador Todd Phillips (de Dias Incríveis), sucesso absurdo de bilheteria nos cinemas do mundo inteiro e, com toda a certeza, o filme mais engraçado do ano.

Apresentando um elenco um tanto quanto desconhecido do grande público, contudo extremamente afiado e entrosado e um roteiro bastante simples, porém absurdamente criativo, sem apelos desnecessários, que aposta no mistério para conquistar o espectador (isto mesmo, o que move a trama é a curiosidade sobre o mistério apresentado, fato quase que inédito numa comédia), além do fácil envolvimento do espectador para com o trio de protagonistas, que demonstram bastante carisma e conseguem passar emoção o bastante (ou seja, não são só as gags e piadas que envolvem o espectador), fazendo com que quem assista ao filme passe realmente a se importar com os personagens. Mais informações podem ser conferidas aqui.

Grande revelação do ano que, além de ter sido recebido com êxito por público e crítica, Se Beber, Não Case ainda angariou uma indicação ao Globo de Ouro, além de uma quase certa seqüência já estar em vias de entrar no forno. Em resumo, hilário como jamais visto antes. Talvez não seja para tanto, mas não deixa de ser hilário.

Se Beber, Não Case (Hangover). De Todd Phillips. Com Bradley Cooper, Ed Helms, Zach Galifianakis, Justin Bartha e Heather Graham. Warner Bros. 100 minutos.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=C3N9TjpvNsY

- Watchmen - O Filme
, de Zack Snyder.

Adaptação da Graphic Novel criada por Alan Moore (também autor de "Do Inferno", "A Liga Extraordinária", "V de Vingança" e do personagem Constantine, da publicação "Hellblazer" - todos já convertidos em película) e David Lloyd, Watchmen foi considerada uma das 100 maiores obras literárias de ficção do século XX, segundo a revista Times. Contudo, sua versão live-action não obteve, pelo menos no que tange ao apelo do público, tamanho sucesso, visto que em termos de arrecadação o filme ficou bastante aquém do esperado, faturando nos Estados Unidos pouco mais de $107,000,00 (mundialmente foram outros $183,000,00), resultado abaixo dos $138,000,00 gastos apenas na produção do mesmo. Entretano, com relação à crítica, Watchmen dividiu opiniões, sendo considerado tanto sublime quanto pretencioso por alguns analistas.

No entanto, o fato é que Watchmen é uma excelente adaptação cinematográfica, que condensa as 12 edições da Graphic Novel em pouco mais de 140 minutos, dando ênfase à caracterização dos personagens e à ambientação que evoca os anos tensos do período da Guerra Fria, num contexto ficcional onde existem super-heróis no mundo real (a crítica completa do filme pode ser lida aqui). Contudo, apesar do esmero da produção e da fidelidade com relação à obra original, o diretor Zack Snyder (Madrugada dos Mortos) abusa um pouco da estilização nas seqüências de ação do filme (ato este já executado no seu longa anterior, o bem mais sucedido financeiramente 300), fator este que tende a desfocar um pouco a atenção do espectador, que pode não atentar para o conteúdo da obra, tamanha a plasticidade visual de video-game que Watchmen carrega em determinados momentos; talvez uma filmagem mais conservadora (diga-se clássica) casaria melhor com o apelo da obra.

Por fim, excetuando este detalhe técnico, Watchmen é uma grande obra de entretenimento, que detém um conteúdo no âmbito de questionamento moral, político e social exemplar, além de um enredo e de um visual de encher os olhos do espectador. Entretanto, grande parte do público não compreendeu sua proposta e talvez a montagem um tanto quanto lenta (com a devida exceção às seqüências de ação) tenha sido um dos fatores prejudiciais ao sucesso de público do filme. Watchmen é sim um grande filme, uma ótima adaptação e merece ser redescoberto. Candidatíssimo a obra cult...

Watchmen - O Filme (Watchmen). De Zack Snyder. Com Jake Earle Haley, Patrick Wilson, Jeffrey Dean Morgan, Malin Akerman, Billy Crudup, Matthew Goode e Carla Cugino. Warner Bros. / Paramount. 163 minutos.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=nwrSgao6I4w

Outros destaques:

- Frost/Nixon, de Ron Howard.

Um dos cinco indicados a melhor filme no Oscar 2009, Frost/Nixon nada mais é do que um brilhante retrato de um debate entre feras da oração. Baseado em uma peça teatral, o longa de Ron Howard (Anjos e Demônios) apresenta um festival de interpretações, com minimalismos e trejeitos, sem que se entre no dramalhão barato. Michael Sheen (Anjos da Noite - A Evolução) e Frank Langella (Superman - O Retorno) vivem, respectivamente, os dois personagens título, um apresentador de programas de entretenimento e um dos mais conhecidos ex-presidentes norte-americanos, assombrado pelo escândalo Watergate. O debate em questão é o cerne do filme, que ganha muito mais do que um retrato fiel de um período, mas um exercício de linguagem e manipulação riquíssimos por parte dos intérpretes de Frost e Nixon.

Frost/Nixon. De Ron Howard. Com Michael Sheen, Frank Langella, Matthew McFayden e Oliver Platt. Universal Pictures. 122 minutos.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=Qh5ZvdBd7FU

- Gran Torino, de Clint Eastwood.

E não é que o velho Clint conseguiu mais uma vez? E, como no ano de 2007, em dose dupla. Além do ótimo "A Troca", estrelado por Angelina Jolie (Sr. e Sra. Smith), o veterano diretor também entregou este excelente drama intitulado Gran Torino. Voltando as telas como ator (ele não participava de um filme desde Menina de Ouro, de 2004), Eastwood entrega tanto uma trama de redenção (parece a pauta da vez) impecável, como uma interpretação bastante inspirada, de um veterano da guerra da Coréia que aprende a conviver com os novos vizinhos asiáticos, apesar de seu aparente preconceito e a maneira rude de se comportar. Um pequeno grande filme.


Gran Torino. De Clint Eastwood. Com Clint Eastwood, Christopher Carley, Bee Vang, Ahney Her e Brian Haley. Warner Bros. 117 minutos.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=Y_0088KD1_U

- O Lutador, de Darren Aronofsky.

Fantástico filme sobre superação, força de vontade e segundas chances, além de ser um painel bastante sincero e verdadeiro sobre a pequenez do homem perante a vida. Um verdadeiro ensaio filosófico, um filme humano que acompanha a decadência profissional de um lutador de luta livre, vivido com absurdo primor por Mickey Rourke (Sin City) e sua transcendência e redescoberta como homem, pai, amante etc. Darren Aronofsky (do também emocionante Fonte da Vida) cria um mágico painel num dos filmes mais emotivos do ano de 2008, que rendeu ao veterano Rourke o Globo de Ouro de melhor ator. O longa deteve diversas indicações à prêmios, incluindo aí o já citado Globo de Ouro, o Oscar e recebeu o prêmio de melhor filme do Festival de Veneza.

O Lutador (The Wrestler). De Darren Arronofsky. Com Mickey Rourke, Marisa Tomei e Evan Rachel Wood. Paris Filmes. 111 minutos.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=PvCPRebf_Uk

- Star Trek, de J. J. Abrams.

Nunca fui um trekker (mesmo sem conhecer o universo da série, a odiava quando criança), porém após assistir ao reboot comandado pelo atual midas da televisão norte-americana, J.J. Abrams (diretor de Missão Impossível III e co-criador de séries como Lost, Alias e Fringe) confesso que meu interesso pela série mudou. A aventura de ficção-científica Star Trek é brilhante. Como a maioria das criações de Abrams, tenta abraçar diversos gêneros de maneira criativa e sem soar piegas. Nesta nova versão de Trek temos aventura, ação, romance, comédia e, para abrilhantar ainda mais, efeitos visuais de tirar o fôlego (que, se não fosse por Avatar, apostaria em Star Trek para o prêmio de efeitos da Academia). A trama não é um mar de inspiração, mas não compromete e, como destaque, cabe colocar todo o elenco, que demonstra conhecer o universo com a palma da mão e entrega uma ficção bastante convincente, fazendo-me esquecer daquela trilogia "rival" que aportou nos cinemas no final da década de 90 e foi finalizada no meio desta. Que venham as seqüencias, pois Abrams conseguiu angariar mais um trekker!

Star Trek. De J.J. Abrams. Com Chris Pine, Zachary Quinto, Zöe Saldana, Karl Urban, Eric Bana, Simon Pegg, John Cho, Anton Yelchin, Wynona Ryder, Bruce Greenwood e Leonard Nimoy. Paramount Pictures. 126 minutos.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=8SFHZnT--qo

- Up - Altas Aventuras, de Pete Docter.

Como superar "Wall -E", uma das melhores animações (e filmes) da história? Bem, a Pixar pode não ter superado, mas com certeza se equiparou novamente com esta aventura de um velhinho que não quis deixar um antigo sonho morrer e, ao se ver viúvo e, convenhamos, prestes a partir dessa para outra, decide viajar até um paraíso exótico, levando consigo sua casa presa à milhares de balões. Mas, o caminho do sr. Fredericksen não será nada fácil, pois além de ter que conviver com o garoto Russel (que acaba na empreitada meio que sem querer), ele deve enfrentar diversos percalços (tanto físicos, quanto psicológicos) até se sentir realizado. Up - Altas Aventuras é mais um daqueles filmes que te apresentam idéias, divertem, mas te fazem pensar e, principalmente, contemplar, em especial a vastidão e, principalmente, a eferemidade dos momentos e da vida como um todo. O agora e o amanhã, no final eles não parecem estar tão distantes assim.

Up - Altas Aventuras
(Up). De Pete Docter. Vozes (original): Edward Asner, Christopher Plummer, John Ratzenberger e Jordan Nagai. Disney / Pixar. 96 minutos.

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=ydmQXtfnnFY

Em breve, a relação com alguns dos piores lançamentos de 2009 (é texto que não acaba mais, ai minha santa aquerupita...!!!).